25 setembro 2006

Ultrametabolismo, já ouviu falar?

Sucesso nos Estados Unidos, essa nova dieta promete fazer as engrenagens do seu organismo trabalhar a pleno vapor, recheando o cardápio de alimentos capazes de regular os genes envolvidos com o estoque e a queima de gordura

Um texto de Adriana Toledo (Editora Abril)
Ao estampar na capa um título com ar de promessa irresistível, está explicado por que Ultrametabolism, the Simple Plan for Automatic Weight Loss (que pode ser traduzido por "ultrametabolismo, o plano simples para perda de peso automática") figura há várias semanas na concorridíssima lista dos livros mais vendidos do jornal The New York Times. Baseado em dez anos de observação do médico Mark Hyman, especialista em medicina alternativa famoso nos Estados Unidos, o livro editado pela Scribner apresenta um método de emagrecimento baseado na nutrigenômica, área praticamente recém-nascida da ciência que estuda como os alimentos podem influenciar nossa bagagem genética.
O açúcar e a gordura hidrogenada estão entre os alimentos que bloqueiam os genes responsáveis pela queima de gordura", exemplifica o autor em entrevista por telefone. "Já os vegetais e as comidas integrais estimulam a sua ação." No Brasil as grandes livrarias já importam a obra original, mas Hyman revela que negocia sua publicação em português. SAÚDE!, como sempre, faz questão de antecipar todas as ondas do universo saudável e avisa: prepare-se porque, quando essa bater por aqui, choverão críticas e elogios. A maioria dos especialistas brasileiros ouvidos, em resumo, acha que Hyman vendeu conceitos velhos conhecidos em uma embalagem pronta para virar best-seller. "A relação entre o mau funcionamento da tireóide e a obesidade é óbvia", cutuca a endocrinologista Sandra Villares, da Universidade de São Paulo (USP), apontando o exemplo entre os sete fatores por trás do ganho de peso listados por Mark Hyman (conheça um por um deles ao longo desta reportagem). "Alguns desses fatores, aliás, ainda nem estão muito esclarecidos pela ciência", comenta Marcelo Bronstein, que também é endocrinologista ligado à USP.
Hyman garante que "basta seguir o programa prescrito no livro" para perder os quilos extras — e depressa! —, mas sugere que todos reflitam, inclusive por meio de testes, quais seriam os fatores para obesidade mais próximos do seu caso. Quanto ao programa, bem, ele não é tão simples quanto o título da obra proclama. A primeira semana é a fase de preparação, em que Hyman sugere "abandonar os maus hábitos para zerar o computador do seu metabolismo e recomeçar". Ou seja, é um choque: nada de massa nem de açúcar, muito menos fast-food. Também não se deve ingerir nem sequer uma gota de álcool, cafeína e zero de gordura trans (lembrando que, para dificultar a vida, esse ingrediente se encontra em diversos alimentos industrializados).
Aí vem a segunda fase, a da desintoxicação. Ela dura três semanas. "Troque o que atrapalha os genes que queimam a gordura por itens que, ao contrário, os fazem trabalhar direito", diz o autor. Em suma, continue sem comer tudo aquilo que foi banido na fase de preparação e, ainda, passe longe de ingredientes com alto poder alergênico — alimentos industrializados com glúten, ovos, leite e seus derivados. Em compensação, esbalde-se de frutas, legumes e verduras — de preferência frescos, orgânicos e crus —, além de grãos integrais.
Segundo Hyman, pode-se esperar a perda de 2 a 5 quilos até esse ponto. A partir daí se inicia a fase final que pode durar o resto de sua vida. Nela você diminui cerca de meio quilo por semana até alcançar seu peso ideal. Os tais alimentos que favorecem alergias voltam aos poucos, um de cada vez. Por exemplo: você passa dois ou três dias tomando basicamente leite. Se não sentir nada, o.k. Se sentir dor de cabeça ou qualquer sintoma de problema digestivo, será sinal de que, no seu caso específico, o leite não combina com o seu metabolismo. E aí, caro leitor, a recomendação de Hyman é dar adeus a ele para sempre. O mesmo vale para todos os itens potencialmente alergênicos.

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