30 novembro 2009

Antigamente o roubo era mais discreto por Arnaldo Jabor

É tudo tão rico, tão farto, que o “que vergonha” não basta. Há uma estranha beleza nisso tudo. Temos de analisar a estética do roubo, da cumbuca, da mão grande.

Os atores estão bem. Na hora de pegar a bufunfa são cordiais e alegres. Depois mentem bem, não são canastrões. A mentira é calma, digna, não há rubores nem lágrimas.

Antigamente o roubo era mais discreto. Até que um famoso corrupto paulista cunhou a frase celebre: “10% é para garçom”. Aí tudo mudou. O vice-governador é acusado de querer 30%. Que esganação.

Antes, tínhamos a mala preta de dólares, depois veio a cueca e agora o cara enchendo as meias e dizendo: “botei nas meias porque não uso mala”. Acho que na cueca e meias é mais quentinho, sexualmente excitante.

E as desculpas? Como no mensalão: “ah, dinheiro de campanha!”. Mas, o Oscar da patranha vai para: “o dinheiro é para comprar panetones para crianças pobres”.

E é maravilhoso sabermos que, neste momento, há dezenas de políticos em todos os partidos vendo estas cenas e roubando sem parar. Eles sabem que a Justiça é cega e paralítica e usarão o “não, o não fiz, não sei.” E contam com a máxima inesquecível do Presidente do Senado: “o silêncio, a paciência e o tempo”.

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